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Nené Dias, Oliveira e Carrapato: Os Nunos da Imbatibilidade

Nené Dias, Oliveira e Carrapato: Os Nunos da Imbatibilidade

13 Outubro, 2016
Registos

Nené Dias, Oliveira e Carrapato: Os Nunos da Imbatibilidade

Pelas balizas dos campeonatos portugueses há uma constante: três Nunos com registos impressionantes de imbatibilidade. Se Dias e Carrapato sofreram os primeiros golos no passado fim-de-semana, Oliveira continua de vento em pompa. Antonio Valente Cardoso, jornalista, autor e historiador, desvenda-os nas próximas linhas em O Mundo dos Guarda-Redes.

nene-dias-amarante-treino-2016-2107Nené, o nome de ‘guerra’ de Nuno José Ferreira Dias, já foi aqui evidenciado, o guardião transmontano de 33 anos está a ter um início de época memorável no Amarante FC e só viu as redes abanar na Série B do Campeonato Portugal Prio, ao cabo de seis encontros, na vitória por 4-2 contra o FC Aliança de Gandra no domingo.

Formado no Abambres, Nené estreou-se nos nacionais pelo Vila Real, para onde rumou depois da primeira temporada sénior no clube onde se graduou futebolisticamente. A sua carreira foi realizada essencialmente no distrital da sua região, esteve no Cerva de Ribeira de Pena, no Fiolhoso de Murça, retornou aos nacionais com o Alijoense em 06/07, passou quatro épocas no Santa Marta de Penaguião, perto da subida aos nacionais, que consegue pelo Pedras Salgadas em 12/13 mas regressa ao Vila Real, novamente despromovido, também por certo face à necessidade de conciliar a vida profissional com o futebol. Desde 2014 está em Amarante, junto ao belo Tâmega, que nasce bem perto do Lima mas deambula em sentido bem diverso, penetrando Trás-os-Montes, sendo fronteira natural destes com o Minho, cortando o Marão até chegar ao Douro pelos lados do Marco de Canavezes.

Mas este não é o único Nuno a fazer furor com registos de redes imbatíveis em Portugal no arranque de 16/17. São vários os clubes dos distritais ainda sem sofrer golos, mas somente com um par de jornadas decorridas, dois contudo já somam quatro encontros em branco contra si e, como tal, merecem particular realce.

Um deles é o Coruchense, no Distrital de Santarém, que leva treze golos em cinco partidas e as suas redes só tremelicaram no domingo, na derrota por 2-1 contra a AD Mação.

Na guarda das mesmas está uma velha figura. Aos 40 anos Nuno Carrapato retornou à sua região depois de mais uma época na ‘pátria de adopção’, a Madeira, onde chegou ao primeiro patamar do futebol luso.

Nascido em Almeirim, viu um quase conterrâneo, José Peseiro (coruchense, por feliz acaso), dar-lhe a oportunidade de se estrear no máximo escalão nacional, corria o ano de 2002, estava na sua terceira temporada de clube, 3.ª jornada e derby diante do Marítimo, na época de regresso do Nacional à Superliga Galp Energia, o jogo fechou-se a zeros e Nuno Carrapato mostrou qualidade e realizou 27 dos 34 encontros da competição, uma lesão nos ligamentos cruzados e no menisco esquerdo levou-o a perder espaço e deixou o Nacional em 2005, passando para o vizinho União Madeira, então na II Divisão B. nuno-carrapato-nacional-vs-porto-primeira-liga

Nuno Carrapato iniciou-se nos infantis do União Almeirim e aí realizou todo o trajecto formativo, estreando-se com a equipa sénior na III Divisão em 94/95. União Montemor (IIB), Sporting Covilhã (IIH), Torreense (IIH), Peniche (IIB) completaram o rumo antes da viagem madeirense. O final dos anos 90, anos 90, início dos anos 00, observou forte investimento do Governo Regional no desporto ‘profissional’ na Madeira, cativando inúmeros desportistas das modalidades colectivas, com salários bastante atractivos. A Associação Desportiva do Machico foi uma das beneficiadas, tinha a IIB Sul sete formações da Madeira na altura, 99/00. A equipa ficou em 7.º lugar mas o campeão, Nacional, viu em Nuno Carrapato qualidades e Peseiro levou-o para os ‘alvinegros’. Foram cinco anos de Nacional, três de União da Madeira, seguiu-se o Caniçal, o Pontassolense e três temporadas de Ribeira Brava, sempre na IIB, salvo a primeira época no Ribeira Brava, culminadas com subida da III Divisão para a IIB.

O regresso a casa fez-se em 2013, para o Fazendense, de Fazendas de Almeirim, no Distrital ribatejano. Começou 15/16 no Coruchense, no Campeonato Nacional Seniores/Campeonato Portugal Prio, mas rumou ao recém-formado Clube de Futebol de Formação da Madeira, retornando ao Coruchense, entretanto novamente despromovido ao regional, para 16/17. Em cinco encontros manteve a baliza imaculada em quatro consecutivos.

Em Lourosa, Santa Maria da Feira, vive outro ‘Nuno Imaculado’, Nuno André da Costa Oliveira, vulgo Nuno Oliveira, que nos ‘aurinegros’ do Lusitânia local soma zero em cinco encontros, três deles marcados pelo nulo, como o recente derby face ao Fiães, curiosamente a equipa que defendeu na temporada transacta.

Numa equipa que somente venceu um encontro, 2-0, três nulos absolutos e cinco desafios sem sofrer tentos ainda se tornam mais relevantes.

Nuno nasceu em Cortegaça e foi no local CRECOR que começou a dar os primeiros chutos. Como juvenil rumou ao clube que defende correntemente, o Lusitânia de Lourosa, onde se estreou como sénior na II Divisão B, ainda júnior de primeiro ano, em 99/00, quando a expulsão do experiente Castro ditou a entrada do menino Nuno na recepção ao Joane, tinha 17 anos, sendo titular na partida seguinte em Viana do Castelo. Depois de dois anos na III Divisão deixou o Lourosa e rumou ao Salgueiros, entretanto despromovido administrativamente, sem oportunidades, rumando posteriormente ao Esmoriz. Cesarense, União Lamas, São João de Ver e Grijó definem o percurso sempre em nacionais, até à descida dos grijoenses em 2014. Fez 14/15 ainda bem perto do Mosteiro de Grijó e mudou-se em 15/16 para o Fiães, regressando ao Lourosa para esta época, em que o clube tentará o regresso aos Nacionais.

Aos 34 anos, Nuno Oliveira continua firme e seguro!

De sublinhar que todos os seus desafios podem ser vistos no sítio da AFA Tv, o canal desenvolvido de forma pioneira pela Associação de Futebol de Aveiro, que apresenta os encontros do Campeonato Safina e não só, num exemplo que outros deveriam observar e seguir.