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Falácias sobre o Guarda-Redes de Futebol (Parte 2) – Departamento Eagle One, por Fernando Ferreira

Falácias sobre o Guarda-Redes de Futebol (Parte 2) – Departamento Eagle One, por Fernando Ferreira
3 Abril, 2015 | por Roberto Rivelino
Treino de Guarda-Redes
“Nas situações de 1×1 o GR deve tentar adivinhar, caindo para um dos lados!”
O primeiro princípio para identificar uma situação de 1×1 é a não presença de nenhum defensor. “Se está defesa, não está GR”. Em seguida, cabe ao GR percepcionar que tipo de situação 1×1 vai acontecer: vai chegar antes do ATA?; vai chegar ao mesmo tempo?; vai chegar depois do ATA? Se o GR identificar que vai chegar depois do ATA, deve
ainda observar a trajectória da bola: bola rasteira, bola a saltar, bola em zona frontal, bola em zona diagonal; etc.
Depois de entrar na situação de 1×1, o GR deve reduzir o espaço e ângulo do ATA e tentar influenciar a sua acção, mas nunca caindo/antecipando. O GR deve esperar, numa posição-base tão baixa quanto for a proximidade da bola em relação a si e à sua baliza, com os apoios fixos e orientados para a bola, preparado para situação de remate ou drible. Assim, aumenta as suas probabilidades de defender a bola!

 

“Nos “penaltys” o GR tem de reagir ao  remate”
Na actualidade, já existem diversos estudos que demonstram que é impossível um GR ser eficaz na defesa de grandes penalidades, se apenas reagir ao remate. O GR deve esperar o máximo tempo possível imóvel, não fornecendo pistas ao rematador e tentando retirar indicadores da acção do mesmo, mas deve agir momentos antes da bola partir.
No futebol profissional, existem diversos indicadores estatísticos que podem ajudar o GR a “escolher” o lado para onde deve cair. Tentar desconcentrar e influenciar o rematador a fazer o que o GR quer é tarefa obrigatória.
Acreditando que a bola é batida para o lado que “escolhe”, o GR deve garantir que nesse lado a bola só entra se for
muito forte e bem colocada.
“O GR nunca pode cruzar apoios nos deslocamentos!”
É verdade que o deslocamento cruzado afasta momentaneamente o GR da sua posição-base. Se a velocidade e distância percorrida pela bola permitir, o GR deve utilizar deslocamento lateral simples (sem cruzar apoios).
Mas existem diversas situações que obrigam o GR a ter de ser mais rápido para se posicionar correctamente e, nessas situações o GR pode e deve cruzar apoios.
“Nos remates, o GR deve sempre “fechar o ângulo”!”
A distância da bola para a baliza, o tipo de remate e opções do rematador é que ditam o posicionamento do GR.
Para determinado remate, a melhor opção do GR é reduzir o ângulo do atacante, mas em outras situações, o melhor pode ser abdicar dessa redução e tentar ganhar mais tempo de reacção, aumentando a distância para a bola.
As regras são simples, mas podem ser confusas e existem situações em que é correcto escolher uma ou outra opção.
Grande distância corresponde a uma maior necessidade de aumentar tempo de reacção, até pelas possíveis variações da trajectória da bola e por essa trajectória ter maior probabilidade de se afastar da posição do GR.
Curta distância corresponde a uma maior necessidade de redução do ângulo do atacante, pois existe maior probabilidade de a trajectória da bola aproximar-se do GR. Se o GR prevê um remate em força, a redução do ângulo do atacante pode ser a melhor opção, dependendo da distância (não é válido para remates de longa distância).
Se o GR prevê um remate “em jeito”, a melhor opção é ganhar tempo de reacção, dependendo da distância (não é válido para remates de curta distância).
Não nos podemos esquecer que o posicionamento do GR também influencia as opções do rematador. Um GR que opte exclusivamente pela redução independentemente da distância e do tipo de remate que prevê, terá muitas dificuldades em contrariar alterações provocadas pelo rematador.
“O GR nunca defende com a mão contrária!”
O GR actual deve ser muito completo e apresentar uma enorme quantidade de recursos técnicos.
Em situações de defesa de baliza, o GR deve procurar realizar a defesa mais simples possível.
Se possível, deve recepcionar todas as bolas e evitar acções em queda, utilizando deslocamentos.
Se for impossível evitar a queda, deve mesmo assim procurar recepcionar a bola, utilizando as duas mãos para a pega da bola. Os desvios só são utilizados quando não é seguro agarrar a bola. Esses desvios devem ser efectuados a duas mãos, excepto nos remates que são colocados em zonas-limite, em que o GR só chega utilizando uma mão.

Em diversos remates, colocados na zona lateral superior da baliza, o GR só conseguirá desviar com uma mão e, muitas vezes, o melhor recurso (a mão que chega mais longe) é a mão contrária.

 

Perfil do treinador O Mundo dos Guarda-Redes

– Treinador de guarda-redes do SL Benfica B;

– Ex-treinador de guarda-redes da formação de Real Massamá e Sporting

– Licenciado em Ciências de Desporto pela Faculdade de Motricidade Humana

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