Júlio César abriu o seu coração em entrevista ao jornal A Bola e ao jornalista Gonçalo Guimarães, revelando, entre muitas linhas que O Mundo dos Guarda-Redes vai desvelar, um momento em que pensou terminar a carreira.
A linha da carreira
“Aos nove [anos], comecei no Futsal. Desde os nove, dez anos que coloquei na cabeça que seria guarda-redes de Futebol. As coisas aconteceram muito rápido, aos dezassete era profissional e sete anos depois vim para a Europa, apanhei a melhor fase do Inter de Milão, com catorze títulos em sete anos. Depois, a carreira teve altos e baixos, mais baixos do que altos porque foi uma saída conturbada do Inter, depois a complicação com o QPR, a ida para o Toronto, o Mundial que não terminou bem…
No gráfico da minha carreira estive no auge, depois em baixo e hoje não digo que estou novamente no auge mas estou a caminhar outra vez nessa direcção. Isto é algo formidável.”
SL Benfica
“Nunca me cansarei de agradecer ao Benfica, um clube que me abriu as portas e me fez apaixonar novamente pelo Futebol, ter o gosto de treinar, de competir.”
“Disse a um amigo meu que trabalha como empresário: eu posso continuar a jogar Futebol mas só se for no Benfica. Ele perguntou-me: porquê o Benfica? Eu disse por ser um clube histórico, com uma grandeza enorme e que já tinha demonstrado muito interesse em mim.”
Ederson Moraes e Paulo Lopes – os companheiros de baliza
“[Ederson Moraes] Tem um potencial incrível aos 22 anos e é um dos que me motivam a treinar-me e a jogar bem porque é um guarda-redes com um futuro brilhante.”
“Paulo Lopes, que é um ano mais velho que eu e parece mais novo da turma inteira, pela alegria com que trabalha. É um jogador superimportante no balneário. Brincamos muito com as nossas idades porque ele não aceita ser mais velho que eu.”
Sobre a exibição na vitória por 2-1 frente ao Atlético de Madrid na Champions League
“[Questionado se se sente um dos heróis desse encontro] Não. Ao longo da minha carreira, com todo o respeito, sempre desprezei essa palavra, herói. Estou lá para defender, fazer o meu trabalho e ajudar a equipa, tal como o Luisão, o Jardel, o Nélson… Cada um tem que fazer o seu trabalho bem feito.”
O número 12
“Não vou dizer que é superstição, não sou muito supersticioso, é mais identificação com um número com que me estreei na equipa principal do Flamengo e com o qual vivi bons momentos.”
A chegada de Iker Casillas ao Futebol Português
“Foi muito bom, é excelente para para o Futebol Português. Casillas dispensa comentários, com uma quantidade de títulos incríveis a nível colectivo e individual.”
“Para falar de Casillas ou criticá-lo é preciso pensar muito antes. O que acontece é que quando um guarda-redes alcança a excelência, a responsabilidade aumenta, foi o que aconteceu com ele.”
Selecção Brasileira
“Vou contar uma coisa que nunca falei para ninguém, vai ser um primeira mão para A Bola. Quando terminou o jogo com a Alemanha falei com a minha família e ela foi à concentração para uma reunião que eu pedi ao Felipão com a equipa técnica, jogadores e a minha família. Estava a despedir-me da selecção. Aliás, não só estava a despedir-me da selecção mas do Futebol também, pois comuniquei que queria terminar a carreira.”
“Coloquei na minha cabeça que não queria jogar mais. Na zona mista também me perguntaram e disse que tinha chegado o momento de dar oportunidade a outros, porque estava com 34 anos e no Mundial seguinte teria quase 39.”
“Mas hoje, vivendo tudo o que estou a viver na minha carreira e mostrando o que estou a mostrar, acho que posso continuar a sonhar, respeitando quem lá está e tem condições para isso.”