A quinta-feira de 25 de abril de 1974 marca uma das datas mais importantes da história de Portugal e a celebração do 43º aniversário da Revolução dos Cravos fez O Mundo dos Guarda-Redes recuar a tempos áureos das balizas Lusas, protegidas por históricos como Vítor Damas, Manuel Galrinho Bento, Zé Gato, Tibi ou Joaquim Torres, que arrebatou os melhores números de impermeabilidade.
Vítor Damas Sair do país sob ditadura, regressar livre, jogar e vencer o Campeonato e a Taça de Portugal
A 24 de abril ultimavam-se os detalhes da Revolução em Portugal enquanto em Berlim jogava-se o FC Magdeburg – Sporting CP a contar para a segunda-mão da meia-final da Taça das Taças, na então República Democrata Alemã. Capitaneados por Vítor Damas, os Leões não conseguiram vencer (derrota por 2-1) após um empate em Alvalade (1-1), e encetaram viagem de regresso a Portugal, onde chegariam um dia após a Revolução sem comunicação com os acontecimentos dos Capitães de abril. Um dia depois já estariam em campo para vencer o CF Os Belenenses (2-1), nos oitavos-de-final da Taça de Portugal com o Eusébio das Balizas a assumir papel de importância.
Nessa temporada, Vítor Damas seria crucial para a conquista do campeonato por parte do Campeonato, após começar o primeiro jogo no banco – António Botelho atuou na derrota por 1-0 frente ao Vitória FC. Em 29 encontros disputados fez-se crucial num registo de quinze jogos sem sofrer e vinte golos sofridos.
Manuel Galrinho Bento e Zé Gato O crescimento do bigode que levou os Encarnados à final da Taça e a passagem de testemunho do felino
José Henriques “Zé Gato” nos seus 31 anos e Manuel Galrinho Bento na luta pela afirmação dos 26 será um dos guiões mais belos dos duetos das balizas Portuguesas. Enquanto o primeiro trancou a baliza em dez dos 22 encontros que disputou – dezoito golos sofridos -, o segundo foi introduzido em dez jogos – cinco sem sofrer e oito golos encaixados -, após uma temporada em que apenas tinha pisado o relvado por uma ocasião e ambos deram luta para encurtar a distância para dois pontos dos campeões Leões.
Seria na taça que o Guardião do Bigode começava a escrever a sua história na equipa da Luz: levou a equipa à final da Taça de Portugal – perdida em junho para o Sporting CP por 2-1 após prolongamento -, com quatro balizas virgens em igual número de desafios na prova.
Joaquim Torres Campeão dos números numa temporada em grande dos Sadinos
A quatro pontos do título ficou o Vitória FC que na baliza testemunhou uma época assinalável de Joaquim Torres. Totalista em três dezenas de jogos, dez anos após ter assumido a baliza dos Sadinos registou nada mais nada menos do que dezasseis jogos sem sofrer e sofreu 21 golos e não se ficou por aí, registando duas safras de imbatibilidade: batido por Rufino pela primeira vez na temporada à sexta jornada à passagem do minuto 61 – vitória por 4-1 frente ao Boavista FC -, esteve 511 minutos sem qualquer golo consentido e entre as jornadas 24 e 28 acumulou mais 489′ consecutivos sem ir buscar a bola ao fundo das redes.
Tibi, Mourinho Félix e José Barroca A ascensão do Matosinhense nos rivais e as despedidas do Special One e de um papa-títulos
Formado e revelado no Leixões SC, Tibi destacou-se ao serviço do FC Porto e foi na temporada 1973/1974 que singrou de Azul e Branco com 30 jogos disputados – 22 golos sofridos – e catorze balizas virgens. E se no Norte do país era o Matosinhense a florescer, no Centro Mourinho Félix terminava a sua carreira ao serviço do CF Os Belenenses com a presença em oito encontros do Campeonato – sofreu doze golos -, no quinto lugar dos Azuis e passou o testemunho a Celestino Ruas – 22 encontros e igual número de tentos encaixados -, como José Barroca fez no Sul ao serviço do SC Olhanense – doze encontros e 28 golos sofridos -, repartindo a baliza com Arnaldo Rodrigues – dezoito jogos e 41 golos sofridos -, encerrando uma carreira com cinco Campeonatos, uma Taça de Portugal, duas Champions League e uma Taça das Taças repartidas entre passagens por SL Benfica e Sporting CP.
Outros nomes das balizas do campeonato 1973/1974
Vitória SC
Francisco Diamantino – 29 jogos – 33 golos sofridos – 11 sem sofrer
Farense SC
Pedro Benje – 21 jogos – 25 golos sofridos – 3 sem sofrer
Académica
José Melo – 25 jogos – 43 golos sofridos – 5 sem sofrer
Fabril Barreiro
Conhé – 30 jogos – 44 golos sofridos – 7 jogos sem sofrer
Leixões SC
Alberto da Silva – 27 jogos – 54 golos sofridos – 6 jogos sem sofrer
FC Barreirense
Manuel Abrantes – 30 jogos – 42 golos sofridos – 12 jogos sem sofrer
CD Montijo
José Eduardo Martins – 21 jogos – 38 golos sofridos – 4 jogos sem sofrer
[Artigo originalmente publicado a 25 de abril de 2017 – 15h25.]