destaques

A Importância dos Guarda-Redes no Hóquei em Patins – Mundo dos Guarda-Redes no Hóquei por Nuno Areias

A Importância dos Guarda-Redes no Hóquei em Patins – Mundo dos Guarda-Redes no Hóquei por Nuno Areias
13 Setembro, 2014 | por Roberto Rivelino
Sem categoria

Mundo dos Guarda-Redes no Hóquei por Nuno Areias
A Importância dos Guarda-Redes no Hóquei em Patins
Uma vez que sou
treinador do clube Hóquei Clube de Turquel, faz todo o sentido que deixe o meu contributo, tendo
em conta que adquiri bastante experiência ao longo destes sete anos como
treinador de Guarda-Redes. Essa mesma experiência pela qual vou dar a minha opinião em
algumas questões sobre a importância do Guarda-Redes na equipa de hóquei em patins.
Começou cedo o meu gosto
pela modalidade de hóquei em patins e rapidamente se tornou uma paixão. Comecei
a praticar o meu desporto favorito com oito anos e o meu primeiro clube foi a
AACD, ou “Associação Alcobacense de Cultura e Desporto”, em Alcobaça, onde
joguei até aos meus 25 anos. Com esta idade recebi um convite da direção do
Clube Stella Maris de Peniche, ao qual acedi e onde permaneci a jogar durante
três épocas desportivas. Passados esses três anos, tive um outro convite para
representar a B.I.R., “Biblioteca, Instrução e Recreio”, no Valado dos Frades,
onde desempenhei o papel de jogador durante mais três temporadas. Finalizado
esse tempo, optei por abandonar, com alguma tristeza, o percurso de jogador,
recebendo então uma proposta bastante interessante para ser responsável e
treinador dos Guarda-Redes da equipa sénior da BIR, visto ter sido o guardião da baliza
do clube nos anos anteriores e possuir já alguma experiência para desempenhar
esse cargo. Em 2010, inesperadamente, recebi o convite do HCT para ir treinar
os GR de todos os escalões, através do professor João Simões, visto que na
altura era ele o coordenador técnico alvinegro. Pelo historial e pela grandeza
que reconhecia e reconheço ao HCT, não hesitei e foi com enorme prazer que
aceitei esse convite e desafio.
Falando especificamente
ao que me leva a escrever-vos, interessa começar pela importância que um Guarda-Redes tem
numa equipa de hóquei em patins. Penso que essa importância, de forma
simplificada, passa por defender a baliza, impedindo que a equipa adversária
transforme em golos os seus intentos atacantes e esta é a forma mais simples de
definir a função. Na minha opinião um bom Guarda-Redes é sem sombra de dúvida “meia
equipa” (tal como se diz na gíria), mas um grande Guarda-Redes é mais de meia equipa.
Quantitativamente, não se consegue medir ao certo, qual o valor de um grande Guarda-Redes numa equipa de hóquei em patins, mas a sua preponderância é enorme.
Assim como em outras
modalidades coletivas, o hóquei em patins não foge à regra e a posição de Guarda-Redes é
fundamental para o sucesso de qualquer equipa, pois ele tem de lá estar quando
a equipa necessitar. Todos os jogadores desempenham um papel importante na
equipa, mas o posto específico de Guarda-Redes desempenha um papel crucial, pois um
grande GR pode conquistar títulos e dar muitos pontos à equipa.
No hóquei em patins
atual, consegue-se distinguir um bom Guarda-Redes de um grande Guarda-Redes de uma forma muito
resumida. Um bom é aquele que defende bolas e um grande é aquele que defende
golos. Assim sendo, o grande Guarda-Redes é aquele que faz defesas onde todos já estão a
visualizar a bola dentro da baliza. Mais ainda que um jogador de rinque e dada
a especificidade da posição, como último obstáculo ao golo adversário, “todo
o guarda-redes, deve viver permanentemente, embora por vezes só, no desejo de
ser o melhor.”
A minha experiência como
treinador de Guarda-Redes diz-me que as bases iniciais para o treino desta posição, têm
que ter em conta todas as caraterísticas e habilidades físicas que um grande Guarda-Redes deve possuir e quais os aspetos mais importantes a levar em consideração para o
seu treino. No entanto, no hóquei em patins atual, acho que se deve incluir no
perfil do Guarda-Redes vários aspetos físicos e mentais, consoante cada indivíduo. Não é
por acaso que nos dias de hoje ainda se escuta muitas vezes a célebre expressão
para se ser Guarda-Redes de hóquei em patins “tem de se ter pancada” e não recear as
bolas.
Os GR desta modalidade
têm de ser mentalmente fortes, estáveis, que façam das fraquezas forças, que
tenham índices de concentração acima da média e que sejam mentalmente
inabaláveis, para além do treino físico e específico que a posição necessita.
No entanto, para aplicar determinado tipo de treino o treinador tem conhecer o
Guarda-Redes quer a nível psicológico, quer ao nível das carências e limitações físicas,
pois só assim conseguirá que este atinja, dentro da sua equipa, uma percentagem
elevada de importância, sendo que em conjunto com o treino geral ele pode
chegar mais próximo da boa forma física.
É fundamental os Guarda-Redes terem treino específico, porque, como já foi referido anteriormente, a sua
posição é muito importante. O treino específico pode ser orientado por um
treinador de Guarda-Redes, ou pelo treinador principal, sendo que as equipas/clubes que
têm um treinador de Guarda-Redes se encontram em grande vantagem em todos os aspetos,
pois é através deste tipo de treino que podemos pensar sempre na melhor forma
de retirar do Guarda-Redes o melhor rendimento. Os principais aspetos a ter em conta na
minha opinião são:
– adaptar os exercícios
ao estilo de cada um;
– melhorar os pontos
fracos de cada um;
– consolidar os pontos
fortes de cada um;
– atender às
necessidades coletivas da sua equipa (saídas de bola; esquemas táticos; etc.);
– permitir autonomia
para que ele próprio desenvolva as suas aptidões;
– fortalecer mentalmente
o indivíduo;
– elevar os índices de
concentração (transportar isso do treino para o jogo);
Como treinador de vários
escalões jovens, até aos seniores, constato que existem grandes diferenças
entre os treinos de Guarda-Redes nos escalões mais jovens e nos mais velhos. A formação e
preparação dos Guarda-Redes deve obedecer, na minha forma de ver, a vários princípios,
tais como as características de cada atleta, o grupo etário em que se enquadra,
as suas condições psíquicas e físicas.
Nos grupos mais jovens o
treino deverá ser mais simples, com exercícios mais básicos, tais como,
patinagem específica (de baliza), posicionamentos, trabalhos de pernas e
braços, trabalho de stick, devolução e paragem de bola, a fim de tentar
eliminar erros evidentes e fazer sobressair as suas qualidades de modo
progressivo. Deve tentar-se também ser criativo, de forma a encontrar formas
lúdicas e jogos que vão de encontro aos objetivos de desenvolvimento da posição
específica, de modo a motivar, sem entediar os jovens atletas.
Nos escalões mais velhos
como os Juvenis, Juniores, Seniores Femininos e Masculinos, tudo o que é feito
nos escalões mais jovens, também se pode aplicar nestes, como opção de
aquecimento. Depois do aquecimento, outro tipo de preparação e de exercícios
mais técnicos deverão realizados com as componentes de força, agilidade,
coordenação, resistência e a flexibilidade devendo ser desenvolvidos para fazer
progredir as suas capacidades atléticas e psicológicas e melhorar os pormenores
que estejam direcionados para as características de cada equipa adversária ou
determinada ação de atleta(s) adversário(s), jogo após jogo.
Durante estes meus anos,
quer como jogador, quer como treinador, experienciei a importância do treino
específico de Guarda-Redes em paralelo com o treino geral, porque o Guarda-Redes deve melhorar e
treinar, por exemplo, a patinagem geral, assim como todos os outros jogadores,
treinando em conjunto e de forma a que o Guarda-Redes possa pôr em prática todos os
momentos desenvolvidos no treino específico. Assim como, criar uma ligação em
rinque, de forma a conhecer bem os movimentos e o posicionamento de todos
companheiros de equipa e adversários, para que, posteriormente o Guarda-Redes possa
alertar para eventuais erros de colocação, movimentações adversárias e
orientação de barreiras, etc. Acho que se devem também reservar alguns minutos
ao treino de conjunto, não só para desenvolver os “especialistas” em bolas
paradas (penaltys e livres diretos), bem como para treinar o GR para essas
ocasiões, que são cada vez mais decisivas no hóquei atual.
Gostava de agradecer a
oportunidade e dizer a todos os pais, treinadores, dirigentes e amantes desta
modalidade, nunca se esqueçam, ser Guarda-Redes é único!

Perfil do treinador O Mundo dos Guarda-Redes

– Nuno Areias

– Treinador de guarda-redes do Hóquei Clube de Turquel