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Artur Boruc – A estrela que brilhou tarde por Ricardo Fonseca

No mundo do futebol, existem variados casos de rumo ao estrelato. Uns muito brilham de início, mas depois nunca alcançam o patamar que lhes era esperado. Outros por falta de oportunidades ou por serem donos e senhores de uma personalidade difícil, tardaram a aparecer mas por serem possuidores de um talento fora de comum, lá foram conseguindo brilhar. E é aqui que se insere Artur Boruc.

O internacional polaco só aos 25 anos de idade entrou numa montra europeia com algum interesse, mais concretamente no Celtic, vindo do Légia, mas rapidamente conquistou os admiradores do desporto rei.
Especialista na detenção de grandes penalidades e com uma rapidez de ação impressionante, o Rei Artur adquiriu foco ao serviço dos escoceses do Celtic, onde ficou de 2005 a 2010, conquistando 5 títulos ao serviço dos célticos.

Para a maioria dos portugueses, ficou célebre quando defrontou o Benfica na Liga dos Campeões em 2007-2008. Perdeu uma partida e venceu outra frente aos encarnados, mas mais do que os resultados de ambas as partidas, ficou na retina dos espectadores a qualidade demonstrada por aquele polaco com ar de rebelde. Desde a facilidade com que ía ao chão até aos reflexos que demonstrava (como se fosse feito de borracha) Boruc parecia destinado a altos voos. Mas, tardou a abandonar o atual campeão escocês e apenas aos 30 anos se transferiu para uma grande liga europeia, mais concretamente para os italianos da Fiorentina.

Foi graças a si e às suas exibições de gabarito que Sebastian Frey, um dos capitães do clube viola e internacional francês, foi encostado, e posteriormente acabou por abandonar o clube. Tudo parecia mais do que bem encaminhado para que o Rei Polaco ficasse por muitos anos na Série A, a espalhar brilho numa liga habituada a ter grandes guardiões. Mas assim não aconteceu. Apesar de ser titular das balizas dos Gigliati durante as duas épocas em que esteve em Itália, onde participou num total de 62 jogos em dois anos, acabou dispensado, tendo no final sido alvo de críticas por queda de rendimento e por desleixo físico. Ficou inclusive sem clube durante algum tempo, após a sua dispensa.
Para seu sucessor, a Fiorentina optou por Viviano, vindo do Palermo, por empréstimo, e apesar de ter capacidades, não se compara ao dom com que Boruc foi abençoado. Nos dias de hoje, é o brasileiro Neto o efetivo da baliza viola, precisamente o suplente do internacional polaco.

Boruc ainda tardou a abraçar um novo projeto (passou o Verão sem clube e não fez pré época) mas em Setembro de 2012, já para lá do prazo normal das inscrições de jogadores (em Inglaterra o prazo alarga-se no que toca a jogadores livres), viria a assinar pelos ingleses do Southampton.

A qualidade, nunca a perdeu. Mas o seu forte carácter viria a trama-lo de novo. Numa partida frente ao Tottenham (apenas a segunda ao serviço dos Saints), não gostou de ser vaiado pelos próprios adeptos ao ter culpa no segundo golo da equipa londrina, tendo aplaudido de forma sarcástica e atirado uma garrafa de água na direção dos mesmos. Não foi de todo uma boa maneira de criar laços com os torcedores do seu novo clube e esta reprovável atitude valeu-lhe um afastamento de sensivelmente 2 meses, embora tenha sido maioritariamente titular de Janeiro, após o seu regresso, até ao final da época.

Na sua segunda temporada pelo clube (a que ainda decorre), a sua situação não mudou. Teve a infelicidade de partir a mão frente ao Chelsea e a tentativa de tentar fintar Giroud valeu uma derrota à sua equipa, algo que não beneficiou em nada a sua posição perante os adeptos.

Para quem acompanha, de forma mais atenta, o futebol, sabe que Boruc tem qualidade. Mas por muita responsabilidade sua não atingiu outros patamares. Quem sabe onde estaria agora Boruc se o seu temperamento fosse mais fácil…

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