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Júlio César: o rumo da sua redenção, quatro anos depois – por Roberto Rivelino

Júlio César: o rumo da sua redenção, quatro anos depois – por Roberto Rivelino
28 Junho, 2014 | por Roberto Rivelino
Atualidade

Se no Mundial’2010 atribuíram a Júlio César e a Felipe Melo as razões da eliminação aos pés da Holanda nos oitavos-de-final, hoje todos os Brasileiros estão com um sorriso nos lábios por causa deste guarda-redes. Mas há vários antecedentes que fazem do guardião uma história peculiar entre este mundo.

– 2011, 2012, 2013 e 2014

O Mundial’2010 marcou a carreira de Júlio César. Nunca mais foi o mesmo Júlio César que era aclamado como o melhor guarda-redes do Mundo e, insatisfeito, quis sair do Inter para dar um novo rumo à sua carreira.

Dois anos depois, no Verão de 2012, acabaria por assinar pelo Queens Park Rangers. O seu ano de estreia foi assombrado pela descida de divisão e as exibições de Júlio não eram correspondidas com as dos dianteiros.

Contudo, um Verão depois, a Copa das Confederações sorriu a Júlio César: defendeu o que havia para defender, não se lhe podem apontar erros e ainda foi herói ao defender um penalti a Diego Forlán que garantiu a presença na final, vencida frente à Espanha, e a segurança da vitória sobre os Uruguaios por 2-1.

Com o prémio de melhor guarda-redes da Copa das Confederações adicionado ao currículo, voltou a Inglaterra, mas não jogou até Janeiro, actuando apenas numa partida da Taça antes de partir para o Canadá.

– Toronto FC
A 15 de Março deste ano Júlio César voltava a sentir-se confortável numa baliza. O Toronto foi a Seattle bater os Sounders por 2-1 e o internacional Brasileiro começou a adquirir estatuto em pouco tempo.

Saiu, lavado em lágrimas após as homenagens no balneário Canadiano, com a certeza de dever cumprido e com mais 6 jogos na bagagem para o Mundial’2014.

– O Mundial
Luiz Felipe Scolari fez o favor de poupar especulações: o primeiro jogador convocado para a competição foi Júlio César. Este voto de confiança do seleccionador campeão do Mundo em 2002 deu uma injecção de confiança ao guarda-redes.

O próprio Júlio admitiu que se sentia mais confiante e preparado do que em 2010: há quatro anos atrás sabia-se de antemão que seria titular, enquanto que actualmente tanto Jefferson, como Victor ou Diego Cavalieri, podiam assumir o seu lugar.

Contudo, a escolha recaiu no guardião de 34 anos que conta já com duas boas exibições, face a Cróacia e México, e outra sem grande trabalho. Hoje voltou a ser crucial com duas belas defesas no tempo regulamentar. Mas há mais.

– “Batam com confiança que hoje pego três”

Júlio César é rei a defender penaltis e foi aí que hoje brilhou. Isto porque o Brasil só conseguiu bater os Chilenos no derradeiro desafio do prolongamento.

No seu habitat natural o goleirão, que detém a arte da defesa nos lances dos 11 metros como poucos, parou dois penaltis, menos um dos que tinha prometido à equipa, segundo as palavras de Thiago Silva.

A legião Brasileira salvaguarda novamente o nome de Júlio César Soares Espíndola com o sorriso e a alegria, mas o melhor é terminar com as palavras do herói deste sábado:

– Sentimento de redenção

“Há quatro anos atrás eu dei uma entrevista muito triste, chateado. Estou repetindo com você, mas com felicidade. Só Deus e minha família sabem o que eu passei e passo até hoje. Mas eu sei que minha história não acabou. Meus companheiros estão dando força para chegar em campo e dar meu melhor. Faltam três degraus. Espero dar uma entrevista com você, com muita felicidade e o Brasil em uma grande festa. É o meu sonho.”