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Keylor Navas em entrevista ao site da FIFA


“Ídolo da Costa Rica e grande revelação do clube espanhol Levante, Keylor Navas foi eleito o melhor jogador em atividade na Espanha em março, e as estatísticas o apontam como o goleiro com o maior índice de defesas da liga ibérica (78%). Navas foi também o arqueiro menos vazado no hexagonal final das eliminatórias da América do Norte, Central e Caribe para a Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014.

As atuações espetaculares do jogador de 27 anos fizeram crescer rumores sobre uma possível transferência de time no futuro próximo. O destino poderia ser o Milan, o Atlético de Madri ou o Barcelona, mas Navas desconversa. “Agora estou no Levante e tenho de dar tudo pelo meu clube”, diz o sorridente jogador revelado pelo Deportivo Saprissa, de onde saiu para o Albacete, em 2010.

O FIFA.com conversou com o goleiro da seleção costa-riquenha sobre a sua situação na Espanha e sobre o difícil grupo do país no Mundial deste ano, no qual a equipe foi sorteada para enfrentar três antigos campeões: Uruguai, Itália e Inglaterra.

FIFA.com: Você continua sendo o melhor goleiro do concorrido Campeonato Espanhol. Como se sente?
Keylor Navas: Feliz e agradecido, principalmente por ter saúde e continuar evoluindo. Encaro isso com tranquilidade e humildade e trato de aproveitar ao máximo. É um campeonato muito competitivo, de alto nível, e ter o nosso trabalho reconhecido sempre nos enche de alegria.

Em quem você se inspira para continuar crescendo?
Em todos, pois cada jogador tem qualidades com as quais podemos aprender. Eu me inspiro em Diego López, Iker Casillas, Víctor Valdés, Gianluigi Buffon… São exemplos com longa carreira, alto nível e que há anos demonstram ser os melhores.

Nos últimos anos, muitos jogadores da Costa Rica chegaram à Europa. Você se considera um pioneiro?
Nós que saímos antes sempre procuramos representar bem o nosso país para que a atenção do futebol internacional se voltasse para o jogador costa-riquenho que tem bom nível e capacidade. Procuramos abrir as portas para aqueles que, com esperança e trabalho, buscam o seu caminho.

E como essa tendência afeta a seleção?
É muito importante. Adquirir essa experiência internacional permite amadurecer em todos os aspectos. Quando chegamos à seleção, cada um de nós contribui com tudo o que aprendeu para construir uma equipe mais completa.

Vamos falar então da seleção. A Costa Rica se classificou na segunda posição do hexagonal final da CONCACAF como a equipe menos vazada, levando apenas sete gols. Como vem evoluindo o estilo de futebol costa-riquenho?
Trabalhamos muito o aspecto defensivo e melhoramos bastante. Fizemos muito esforço para aperfeiçoar a comunicação entre o goleiro e a defesa. Em cada treino, buscamos a mesma concentração, como se estivéssemos em uma partida oficial. E assim conseguimos nos sentir bem, muito mais seguros, e alcançamos bons resultados.

Como o técnico Jorge Luis Pinto colaborou nesse processo de classificação para o Brasil 2014?
Com muito trabalho. É uma pessoa bastante exigente. Temos trabalhado muito todos os aspectos, mas acima de tudo a organização. Estávamos precisando e agora somos uma seleção muito mais organizada. 

Qual é a sua primeira lembrança de uma Copa do Mundo da FIFA?
A edição da Coreia do Sul e do Japão 2002. Vivi intensamente os jogos da Costa Rica com os meus amigos de escola. O fuso horário era terrível e, por isso, dormíamos todos na casa de um deles para, de madrugada, assistirmos às partidas. Aproveitamos muito.

O próximo torneio, no Brasil, não obrigará os costa-riquenhos a virar a noite, mas será a sua vez de fazer os seus compatriotas felizes. Nas conversas com os torcedores, percebemos que eles estão um pouco pessimistas com esse Grupo D em que o país caiu. Você dá esperanças a eles?
Claro que sim! Na vida nada é impossível. São seleções de muito nível, que costumam ir ao Mundial e ter boas atuações. Mas isso é algo que nos motiva, é um desafio muito importante nas nossas vidas e nas nossas carreiras como jogadores. Precisamos jogar as partidas. Não dá para falar nada antes. Vamos com muita expectativa e, em cada caso, são 90 minutos de esperança.

O Uruguai eliminou a Costa Rica na repescagem para a África do Sul 2010, e você estava no gol. Que lembrança guarda? Desta vez será uma espécie de revanche?
Perdemos aquele duelo na Costa Rica, onde fomos derrotados. Isso já nos travou. Depois, em Montevidéu, conseguimos um empate digno. São recordações difíceis, claro, mas agora temos a oportunidade de escrever uma nova história. Mas não é uma revanche. Isso é um Mundial. É o sonho de todos. Queremos levá-lo adiante da melhor maneira.

Diego Forlán, Edinson Cavani, Luis Suárez: quem dá mais medo?
São jogadores de alto nível, mas o que provocam é muito respeito. A nossa missão será tentar complicar a vida deles ao máximo, fazendo bem o nosso jogo. Não podemos deixar que eles se sintam confortáveis, nenhum deles, em momento algum.

Contra a Inglaterra, vocês enfrentarão nomes como Wayne Rooney, Steven Gerrard e Daniel Sturridge. Como avalia o nível do futebol inglês?
É uma seleção de alto nível. Individualmente, cada jogador é importante para a equipe. Não podemos confiar.

E, para terminar, uma Itália com Rossi, Balotelli e Pirlo. É sonho ou pesadelo?
Tenho a oportunidade de jogar em uma liga muito competitiva. A cada domingo, é possível enfrentar os melhores do mundo. Esse temor por estar diante de grandes figuras, esse nervosismo, eu já superei. Sinto-me tranquilo. Para mim, é um belo desafio jogar contra os melhores. Isso exige estar na melhor forma e vai nos mostrar qual é o nosso nível. São adversários de altíssima qualidade, mas temos uma grande vantagem: por serem tão famosos, qualquer pessoa os conhece e sabe quais são as suas características. É preciso estar atento para se defender da melhor maneira possível.

Com tantos grandes nomes, com quem você pensa em trocar de camisa?
Talvez com Buffon. Será um jogo bonito, um lindo duelo.

Como são as últimas partidas da temporada antes de um Mundial? Houve algumas lesões, como a de Víctor Valdés. Você fica nervoso com isso? Joga com mais cautela agora?
Não, coloco tudo nas mãos de Deus. Ele cuida de nós e nos ajuda, e se quiser que eu esteja no Mundial, me protegerá. Se não for esse o seu plano, tenho de continuar trabalhando e aproveitando o dia a dia sem pensar em outros objetivos.”


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